FLORI TASCA
LINEAMENTOS DE FILOSOFIA COSMOLÓGICA POR FLORI ANTONIO TASCA
Filósofo, Educador e Jurista. Doutor em Direito das Relações Sociais pela Universidade Federal do Paraná. Graduado em Filosofia pela Universidade do Sul de Santa Catarina. Coordenador do PATOVNI – Grupo Ufológico Paraná e Editor da Revista COSMOVNI. Editor, Conselheiro e Consultor Jurídico do CIFE. Vice-Presidente do Instituto de Exopolítica do Brasil.
RESUMO
Ao longo da trajetória humana sempre nos preocupamos em tentar entender a vasta gama de fenômenos existentes no mundo natural. Isso significava não apenas entender por que as coisas eram daquele jeito, mas, também, qual havia sido o início delas e de tudo o que existe. Todos os povos esboçaram algum tipo de resposta sobre qual teria sido o início do Universo, ainda que via mitologia. A partir dos gregos, começou-se a aliar Astronomia e Filosofia para identificar os elementos básicos do Cosmos. Durante séculos prevaleceu a ideia de uma Terra imóvel, com os astros se movimentando ao seu redor. Isso mudaria com as teorias de Copérnico e com as descobertas de Galileu, que levaram à conclusão de que a Terra gira do redor do Sol. As leis de Newton permitiram entender melhor o movimento dos astros, mas foi a partir da Teoria da Relatividade Geral de Einstein que a Cosmologia moderna teve início. Edwin Hubble descobriu que a Via Láctea era só uma entre várias galáxias e que o Universo está em expansão. O Big Bang se tornou a teoria mais aceita para o início do Universo. Planetas de outros sistemas solares começaram a ser descobertos. O Universo se mostrou muito mais vasto do que a humanidade imaginava e hoje já se cogita até que ele não seja único. A Cosmologia apresenta um quadro cada vez mais preciso da realidade.
PALAVRAS-CHAVE
Cosmologia. Astronomia. Universo. Filosofia Natural.
“Cosmos é tudo que o existiu, tudo o que existe e tudo o que existirá”. (Carl Sagan)
De modo amplo, Cosmologia é a ciência que estuda a origem, a estrutura e a evolução do Universo, uma ciência multidisciplinar, para a qual contribuem áreas exatas, como a Física, a Matemática, a Astronomia e a Química, mas também humanas, como a Filosofia. Os saberes dessas áreas são conciliados com o objetivo de se formar um panorama adequado para explicar por que o Universo é da forma que o vemos e qual será o seu destino (WUENSCHE, 2017).
Afunilando a ideia, a Cosmologia pode ser compreendida como uma ciência moderna que emergiu após a Teoria da Relatividade Geral, proposta por Einstein, ter se tornado a principal teoria de gravitação. Questões ainda não explicadas no campo da Física e da Astronomia constituem as principais motivações para a Cosmologia, como a formação de estruturas de matéria em grande escala, o tamanho e a geometria do Universo, sua composição química, os fenômenos do Universo primordial e o seu possível término.
As pesquisas cosmológicas são feitas por meio de técnicas e instrumentos a cada dia mais sofisticados, próprios da nossa época. Isso tudo, porém, não significa que a busca que justifica a Cosmologia enquanto ciência seja, igualmente, moderna. Ao contrário, as perguntas que motivam a Cosmologia são apenas variações aprimoradas de questões que sempre intrigaram a humanidade, levando a diferentes interpretações. Agora temos condições mais favoráveis para respondê-las, mas elas são muito antigas.
Desde as mais remotas eras, o ser humano procurou dar um sentido aos acontecimentos do mundo ao seu redor, ainda repleto de fenômenos que o intrigavam. Buscava-se uma explicação para a chuva, para os raios, para as estações do ano e todos os diversos eventos da natureza com os quais o ser humano lidava cotidianamente. O conhecimento da humanidade de então acerca das origens do mundo físico era retratado em mitos de criação.
Inobstante os mitos não seguissem os métodos modernos da pesquisa científica, eles revelam a universalidade do desejo do ser humano em compreender a existência do Cosmos (GLEISER, 2001, p. 18). É por isso que, apesar de o conceito de Cosmologia ser moderno e aludir ao modo atual de buscar explicações sobre o Universo, é legítimo vinculá-lo a uma longa tradição em que humanos de várias épocas e lugares deram a sua contribuição à compreensão do Cosmos.
Inicialmente a Natureza tinha para os humanos um caráter essencialmente divino, às vezes como uma única deusa e, em outras, sob o controle de vários deuses, um responsável por cada fenômeno natural. As explicações para o Universo, igualmente, refletiam o aspecto religioso de cada cultura. Gleiser (2001) revela a existência das mais variadas concepções cosmológicas em antigas culturas. Nem todas acreditavam que o Universo teve um começo.
A ideia de que o Universo teve um começo específico é uma, mas não a única teoria engendrada. Havia os que acreditavam que essa criação se deu por obra de um ser “positivo”, como Deus, mas outros entendiam que o Universo surgiu do nada absoluto, ou seja, de um “não ser”. E, além desses, havia quem entendia que o surgimento do Universo se deu como consequência de uma tensão entre opostos, o caos e a ordem.
Em outras culturas sequer se poderia cogitar de um começo específico para o Universo. Ou se entendia que o Universo havia sempre existido e para sempre existirá ou, como na tradição hindu, acreditava-se na ocorrência de ciclos de criação e de destruição. E há, ainda, um tipo de mito de criação pelo qual é impossível ao ser humano compreender a origem de todas as coisas. Várias são as possibilidades, mas há uma constância com que a humanidade se debruçou sobre a existência do Universo e procurou dar a ele um sentido apropriado.
Para o desenvolvimento do pensamento cosmológico, foram especialmente importantes os avanços promovidos por astrônomos gregos sobre a natureza e a organização do Universo. Normalmente de maneira associada à Filosofia, os pensadores gregos procuraram identificar quais eram os elementos básicos na estrutura do Cosmos e como eles estavam dispostos. Tales de Mileto, tido como o primeiro filósofo, foi também, em companhia de Anaximandro, um dos primeiros a propor um modelo celeste baseado no movimento dos astros, não na vontade de “deuses” temperamentais.
Com diferentes graus de acerto, pensadores da Grécia Antiga propuseram modelos cosmológicos para explicar o Universo. Assim é que, por exemplo, Filolau de Crotona já havia introduzido a ideia de movimento da Terra, que, no entanto, levaria muitos séculos até ser aceita. Aristarco de Samos, por sua vez, foi o primeiro a propor um modelo consistente de heliocentrismo, ou seja, com o Sol, e não a Terra, no centro do Universo (OLIVEIRA FILHO, 2014, p. 29). Ele se antecipou em quase 2.000 anos às descobertas de Copérnico, tendo ainda arranjado os planetas na ordem de distância do Sol, na mesma disposição conhecida hoje.
Apesar das notáveis descobertas feitas por esses filósofo-astrônomos, tanto mais se considerarmos a precariedade dos instrumentos que tinham para as suas pesquisas, o modelo dominante de Cosmologia durante muito tempo ainda seria o geocentrismo, ou seja, aquele no qual o planeta Terra seria o centro imóvel do Universo e os demais astros girariam ao redor dele.
Platão e Aristóteles haviam criado modelos cosmológicos nos quais o Universo era visto como perfeito, imutável e eterno. Para Platão, o Universo teve um começo, mas ele não se sentia inclinado e nem capaz de dizer quem havia sido o seu autor (LOPES, 2014). Seja como for, o Cosmos e todo o mundo natural expressariam uma ordem divina. Em um Universo marcado pela perfeição e pela harmonia, atribuía-se aos astros do céu um movimento circular e uniforme ao redor de uma Terra imóvel.
Aristóteles endossaria essa tese e refutaria a ideia de que o Universo seria infinito, pois, se assim o fosse, não poderia ter um centro. No seu modelo, o Universo seria fechado, esférico, finito, hierarquizado e composto de esferas girando eternamente ao redor da Terra imóvel (LOPES, 2014). Ele também foi capaz de explicar a ocorrência de eclipses, comprovando o formato esférico da Terra (HAWKING, 2015, p. 12). A ordem no céu era vista por ele como eterna e imutável, mas havia certos problemas difíceis de serem explicados pela sua teoria, como o fato de que, em determinadas ocasiões, os astros celestes apareciam mais próximos da Terra.
Último dos grandes astrônomos da antiguidade, Cláudio Ptolomeu propôs um modelo para explicar as aparentes irregularidades no movimento dos astros. Sua ideia matemática e geográfica abarcava essas diferenças e foi capaz de prever o movimento dos planetas com considerável grau de acerto. Com essa fundamentação matemática, a cosmologia aristotélica se fortaleceu e se tornou um modelo usado por astrônomos até o século XVI (OLIVEIRA FILHO, 2014, p. 31). Ptolomeu também foi o autor do “Almagesto”, maior fonte sobre a antiga astronomia grega.
A partir do advento do Cristianismo como religião dominante, o conhecimento filosófico de então teve a sua validade submetida ao texto bíblico, tido como a única fonte confiável, inclusive para explicar o mundo natural. Por certo tempo, prevaleceu a ideia cosmológica de que a Terra não estava no centro do Universo, mas no ponto mais baixo dele (acima estaria o Paraíso), e que ela não seria esférica como se acreditava, mas plana.
A partir do século IX, contudo, o pensamento grego volta a ser a referência cosmológica, havendo esforços para conciliar o texto bíblico com o conteúdo astronômico aristotélico (LOPES, 2014). Nos séculos seguintes, isso geraria muitas dissensões, chegando-se ao ponto de a Igreja proibir a leitura de Aristóteles, pois havia quem entendesse ser impossível a conciliação da Bíblia com a antiga filosofia grega. A partir dos estudos de Tomás de Aquino, porém, essa proibição foi relaxada.
A base matemática defendida por Ptolomeu ainda demorou alguns séculos para voltar aos debates sobre o Cosmos, pois, até então, eles se limitavam ao caráter especulativo da filosofia de Aristóteles. Somente a partir do século XIV que a obra de Ptolomeu ressurgiu, e com ela a ciência astronômica, mais interessada em estruturas físicas do que teológicas.
Com o tempo, seria formado um grupo de matemáticos e outro de filósofos que se dedicavam a estudar o Cosmos, mas ambos concordavam que a Terra era imóvel e estava no centro do Universo, o qual era delimitado por uma esfera onde se localizariam as estrelas, astros igualmente imóveis, ao passo que os demais astros realizavam movimentos circulares e uniformes.
Eis que surge a ideia de Nicolau Copérnico, para quem a astronomia era resultado da contribuição dos dois grupos, os matemáticos e os filósofos da natureza. Em 1543, Copérnico publica “Sobre as revoluções das esferas celestes”, obra que propunha um Universo cujo centro era o Sol, sendo a Terra apenas um dos astros que giravam ao redor dele. Isso resolvia muitas das contradições do modelo aristotélico-ptolomaico.
Estava posta a teoria heliocêntrica que, com espantoso acerto, havia sido intuída muito tempo antes por Aristarco de Samos. Copérnico, munido dos conhecimentos do seu tempo, já tinha condições de dar uma melhor sustentação a essa tese. Ele sabia do caráter inovador das suas ideias, pois atribuir movimento à Terra contradizia as ideias astronômicas vigentes na época e era, ainda, inconveniente para a doutrina religiosa tradicional. Por isso, Copérnico chegou a temer o tipo de reação que a sua obra poderia provocar, mas ainda levaria algum tempo até que o heliocentrismo fosse considerado, e mais ainda para que fosse reputado verdadeiro.
Em um cenário ainda marcado pelo geocentrismo, surge Giordano Bruno, pensador que se mostrou crítico ao modelo astronômico dominante, no qual o Universo era finito e hierarquizado. Bruno abraçou a teoria heliocêntrica de Copérnico, mas sustentou existir inumeráveis mundos em um Universo infinito (BRUNO, 2006). Como consequência da ideia de que a Terra tinha movimento, Bruno entendia que era possível abandonar a concepção de que o Universo tinha fim – e, sem um fim, também não havia razão para que o número de mundos também não fosse igualmente ilimitado.
Bruno se definiu como um intérprete de Copérnico, demonstrando todas as implicações da teoria copernicana que não haviam sido percebidas sequer pelo seu idealizador (LOPES, 2014). Por isso, o modelo cosmológico sustentado por Bruno é um em que não existe a noção de centro e de finitude, características presentes tanto no modelo aristotélico como no copernicano. Isso fez com que as teorias de Bruno fossem rejeitadas pelos dois grupos, tendo a tradição cristã imputado heresia a seus postulados. O tempo, contudo, viria a dar razão a Bruno, pois as suas principais ideias estão presentes nos modelos cosmológicos da atualidade.
O heliocentrismo, contudo, ainda tinha mais detratores que entusiastas. Aos poucos, surgiram adeptos como Miguel Mestlino, professor de Kepler, e o próprio Kepler, que estudou profundamente a teoria copernicana, mas seria apenas a partir do século XVII que a obra de Copérnico substituiria a de Ptolomeu como grande tratado astronômico (LOPES, 2014). Além de Kepler, o modelo copernicano receberia o apoio público de Galileu Galilei, que conseguiria então torná-lo o novo paradigma na ciência astronômica.
Com efeito, o filósofo e astrônomo italiano “sepultou” de vez o geocentrismo a partir das observações feitas em 1609 usando um telescópio, instrumento ótico por ele aperfeiçoado a partir de um invento holandês. Galileu observou o planeta Júpiter e descobriu pequenos satélites ou luas que o orbitavam (HAWKING, 2015, p. 15). Com isso, foi demonstrado que esses astros não orbitavam a Terra e seria preciso um malabarismo teórico para explicar o movimento das luas de Júpiter com uma Terra imóvel. A teoria de Copérnico era muito mais simples.
Ao mesmo tempo, Kepler aprimorou a teoria de Copérnico ao sugerir que os planetas se moviam em elipses, não em círculos. A partir de então, as previsões teóricas passaram a coincidir com as observações e já não havia motivos sérios para se duvidar do heliocentrismo, que, finalmente, passava a ser a teoria dominante para descrever a posição da Terra no Cosmos.
Apesar desses avanços, ainda faltava às teorias cosmológicas a explicação para o fato de os astros se moverem da forma como se movimentam. Uma convincente resposta surgiria com Isaac Newton, que conseguiu unificar a lógica do movimento dos corpos na Terra com o movimento dos corpos no espaço (RODRIGUES, 2011, p. 29). Ele percebeu que o mecanismo que fazia com que os objetos caíssem na Terra também era o responsável por fazer com que os planetas orbitassem ao redor do Sol e os satélites ao redor dos planetas. Esse entendimento levou à formulação da teoria da gravitação universal, segundo a qual a gravidade seria uma força de atração entre os objetos.
As descobertas de Newton criavam certas dificuldades para a tese de que o Universo fosse estático e infinito, pois, entre as inusitadas conclusões a que isso levaria, estava a de que o céu noturno deveria ser tão brilhante quanto o Sol. A saída para esse dilema seria admitir que as estrelas não brilhavam desde sempre, mas a partir de um momento específico (HAWKING, 2015, p. 18). Isso levantava novamente a questão sobre a ocorrência ou não de um início específico para o Universo, mas a maioria das pessoas ainda acreditava em um Universo essencialmente estático e imutável.
Apesar da revolução que as conclusões de Newton representaram para a Física, a aplicação cosmológica de suas ideias se mostrava problemática, pois, a partir de uma origem qualquer no Universo, era necessário ter dados precisos sobre todos os outros astros à sua volta. Só assim seria possível calcular a força gravitacional. Essa situação mudaria com a Teoria da Relatividade Geral proposta por Einstein em 1915, que, embora complicasse um tanto a matemática envolvida, simplificou o cálculo da força gravitacional. Eis o início da Cosmologia moderna (CHERMAN, 2000, p. 27).
A partir de Einstein, entendeu-se que um planeta não orbita a sua estrela em função de uma força que ela exerce sobre ele. Na verdade, a simples presença da estrela curvaria o espaço de tal maneira que seria impossível ao planeta não desempenhar uma órbita elíptica. E outra conclusão essencial à Cosmologia que se deve à Teoria da Relatividade Geral é a de que o nosso Universo não seria estático, mas dinâmico, ou seja, estaria em movimento. Como frequentemente acontece com as teorias de Einstein, os seus resultados viriam a ser confirmados mais tarde, por meio de observações.
A época era de grandes descobertas. Ainda no século XVIII, o astrônomo Thomas Wright, o filósofo Imannuel Kant e outros já sugeriam que certas “manchas luminosas” no céu poderiam ser sistemas parecidos com a Via Láctea que apenas estavam distantes demais para serem observados em detalhes (SOARES, 2007). Isso seria confirmado a partir das observações feitas entre 1922 e 1924 pelo astrônomo norte-americano Edwin Hubble. Ao se deter em uma “mancha” específica no espaço, a mais próxima da Terra, Hubble conseguiu enxergar nela estrelas individuais. Então ele calculou a distância até essas estrelas e descobriu que era imensa: era maior do que a extensão da Via Láctea. Definitivamente, aquelas estrelas não faziam parte da nossa galáxia, mas constituíam outra: a galáxia de Andrômeda.
Hubble usou o mesmo método para outras manchas, que até então eram interpretadas como “nebulosas”, e o resultado foi o mesmo, ou seja: eram distintas galáxias, significando uma importante revolução para a Cosmologia. Se nada havia de especial na posição da Terra em relação ao Sistema Solar, agora se descobria que nem mesmo havia algo de especial na nossa galáxia, pois ela era apenas mais uma entre muitas outras, as quais se contam, hoje, aos trilhões no Universo observável.
Mas a contribuição de Hubble à Cosmologia não se encerraria aí, pois, a partir do estudo dessas novas galáxias, em 1929 ele notou o fato de elas estarem se afastando de nós. Esse era um resultado previsto pela Teoria da Relatividade Geral de Einstein, ainda que o próprio Einstein, em princípio, não apreciasse tal conclusão (CHERMAN, 2000, p. 30). Mas as observações feitas por Hubble eram significativas o bastante para que o próprio Einstein as acolhesse. Era verdade: o Universo se expandia. Havia muito mais no Cosmos do que algum dia a humanidade supôs.
A conclusão natural que se tira a partir do afastamento das galáxias é a de que, um dia, elas já estiveram mais próximas. Aparentemente houve um momento em que toda a matéria esteve tão próxima que se localizava em um único ponto, de densidade infinita (HAWKING, 2015, p. 20). Em outras palavras, teria havido um instante único significativo o bastante para espalhar pelo Universo toda a matéria que hoje conseguimos observar.
Essa tese já tinha defensores antes mesmo das descobertas de Hubble em 1929, sendo geralmente citado o nome do astrônomo Georges Lamaître como o primeiro a especular, ainda em 1927, que, se o Universo estava em expansão, então ele necessariamente haveria de ter sido muito menor, mais quente e mais denso no passado (CHERMAN, 2000, p. 36). Essa é a teoria que ficaria conhecida como “Big Bang”, na qual teria havido um instante específico em que a expansão do Universo teve início. Ainda hoje, essa é a hipótese dominante entre os que buscam explicar o início do Universo.
Isso não significa, porém, que não tenha havido problemas para se admitir a validade de semelhante teoria. Houve, inclusive, modelos cosmológicos que ofereciam explicações diversas, a exemplo do “Universo estacionário” proposto por Fred Hoyle, que rejeitava a ocorrência de uma singularidade como o Big Bang no início do Universo. Na teoria de Hoyle, o Universo ainda poderia ser eterno e praticamente imutável, mesmo com as galáxias se afastando uma das outras, desde que novas galáxias se formassem no espaço vazio deixado entre elas (CHERMAN, 2000, p. 32-33).
Hoyle acabaria cultivando uma rivalidade com o físico George Gamow, que havia calculado como seria, de fato, um Universo surgido a partir de uma grande expansão inicial. Um dos argumentos usados por Hoyle para refutar os resultados de Gamow era a de que eles faziam ressurgir o papel de Deus na ciência, recuando a Cosmologia a uma época em que era dominada pela religião (id., p. 34). É que parecia a Hoyle que esse instante de surgimento do Universo exigia a figura de um criador. Por uma ironia do destino, foi na tentativa de refutar as teses de Gamow que Hoyle criou o termo “Big Bang”, que logo se popularizou e é usado até os dias de hoje.
Inobstante a concepção de Hoyle, prevaleceu a ideia de que o Big Bang não necessariamente exige a figura de um criador, pois, em verdade, aquilo que teria acontecido antes dessa singularidade é incognoscível e escapa das definições da Física (HAWKING, 2015, p. 20). À cosmologia moderna interessam os motivos físicos que levaram ao início do Universo.
A teoria do Big Bang previa a existência de radiação cósmica de fundo, liberada no início do Universo e que, atualmente, ainda seria perceptível em qualquer ponto do Cosmos. Essa radiação foi realmente descoberta em 1964 por Arno Penzias e Robert Wilson (VILLELA, 2004). Era um forte argumento a endossar a ocorrência de um evento inicial para o Universo.
No modelo cosmológico padrão, assim que ocorreu o Big Bang (há cerca de 13,8 bilhões de anos), as quatro forças conhecidas na Natureza (gravitação, força eletromagnética, força nuclear fraca e força nuclear forte) estavam juntas, mas, com a expansão inicial, houve uma queda gradual da temperatura até que elas começaram se separar. Com a separação, o núcleo dos átomos começou a ser formado. Prótons e nêutrons originaram átomos leves de deutério, hélio e lítio. Mas levaria cerca de um bilhão de anos até que as primeiras estrelas fossem formadas e surgissem outros elementos químicos, como nitrogênio, oxigênio e carbono (RODRIGUES, 2011).
Após mais alguns bilhões de anos, o calor e a pressão no núcleo dessas estrelas fizeram com que elas iniciassem um processo de fusão nuclear, no qual dois átomos de hidrogênio eram fundidos, criando um átomo de hélio. As estrelas sintetizavam ainda metais mais pesados, gerando novos elementos – assim surgiram todos os elementos da Tabela Periódica.
Passou ainda mais algum tempo até que os planetas pudessem se formar a partir dos discos de gás e poeira que circundavam as estrelas. No caso da Terra, acredita-se que essa formação tenha ocorrido há 4,5 bilhões de anos. As estrelas se agrupam em galáxias e essas, por sua vez, se agrupam em estruturas cada vez maiores, chamadas filamentos. Essa é, em linhas gerais, a explicação tradicional para a evolução cósmica derivada da ideia de que o Universo está em expansão e, por isso, teve um início específico.
Naturalmente muitos “ajustes” ainda precisavam ser feitos para acomodar a realidade aos modelos cosmológicos sugeridos, ao mesmo tempo em que novos mistérios surgiam. É o caso da matéria escura do Universo, cuja existência é reivindicada para explicar a discrepância nos valores das curvas de rotação de galáxias e das velocidades delas em conglomerados (OLIVEIRA FILHO, 2014, p. 651). Como o nome sugere, é uma matéria não observável, motivo pelo qual também não se sabe qual é a sua constituição. A esse mistério se soma o da energia escura, ambos a abranger aproximadamente 95% de todos os componentes do Universo.
Enquanto isso, a tecnologia também se aprimorava, permitindo que o ser humano realizasse observações mais precisas sobre o Universo. Já em 1990, a NASA enviou ao espaço o Telescópio Espacial Hubble, o qual permitiu à humanidade conhecer em detalhes porções do Universo que até então eram ignoradas. Até recentemente, eram do Hubble as melhores imagens já obtidas do Universo.
Além disso, o telescópio espacial foi capaz de identificar “exoplanetas”, ou seja, planetas pertencentes a outros sistemas solares que não o nosso. Já se deduzia que as estrelas, assim como o Sol, tivessem planetas orbitando ao seu redor, mas foi a partir do Hubble que isso pôde ser comprovado. Era a constatação de que também não havia nada de especial com o nosso Sistema Solar, apenas mais um em meio à infinidade de outros no Cosmos. Nunca a Terra havia estado tão longe de ser o centro do Universo.
Atualmente, por meio de diferentes métodos de detecção, os astrônomos já identificaram mais de 5 mil exoplanetas e tudo leva a crer que esse ainda é um número ínfimo, se comparado com a totalidade suposta de sistemas planetários. Basta se atentar ao número de estrelas e de galáxias. O telescópio Hubble produziu uma imagem do “campo profundo” do Universo na qual aparecem aproximadamente 10 mil galáxias surgidas nos primórdios do Universo e a uma distância de 13,2 bilhões de anos-luz da Terra (AZEVEDO, 2013). São números elevados, mas que nem de longe dão conta de mapear a imensa vastidão do Universo.
Segundo estimativas recentes feitas por astrônomos, o número de galáxias no Universo observável seria algo em torno de um a dois trilhões (DVORSKY, 2016). Em consequência disso, o número de estrelas é estimado em 700 sextilhões, que é um 7 seguido de 23 zeros. E tudo isso apenas no Universo observável, isto é, na parte do Universo que é possível visualizar desde a Terra. Considerando que se acredita que a maior parte das estrelas tenha originado sistemas planetários, o número de planetas também deve ser assustadoramente alto.
No fim das contas, a astronomia tem confirmado aquilo que, séculos atrás, já era intuído por Giordano Bruno: o vasto número de mundos espalhados pelo Universo. Qualquer sistema cosmológico sugerido na atualidade deve abarcar a incrível extensão do Cosmos. Embora o conhecimento humano a respeito do que existe no Universo ainda seja bastante limitado, há cada vez mais avanços e uma pesquisa recentíssima sugere que já tenhamos identificado o primeiro planeta em outra galáxia (CAVALCANTE, 2020).
Conforme avançava o entendimento de que o Universo não era eterno, mas havia surgido em um momento específico, foi inevitável pensar também que um dia ele poderá chegar a um fim. São muitos os cenários possíveis para um eventual desfecho cósmico, a depender do formato do Universo. Afinal, se o Universo for aberto ou plano, ele se expandirá para sempre. Por outro lado, se for fechado, ele voltará a se contrair em algum momento (ADAMS, 2001, p. 231). Nesse último cenário, a gravidade terá vencido a batalha contra a expansão e a sua contração levaria a uma grande implosão (o “Big Crunch”), colapsando toda a matéria hoje existente no Cosmos.
Alguns vão além e dizem que, depois da contração, tornaria a ocorrer um Big Bang, iniciando um novo ciclo, a se repetir indefinidamente. Isso daria razão a antigos mitos cosmológicos que sustentavam a contínua criação e destruição do Universo. Contudo, essa teoria tem perdido força nos últimos tempos, diante das observações de que não apenas o Universo continua a sua expansão, mas que, inclusive, isso está se dando de maneira cada vez mais rápida, a sugerir um processo expansivo irreversível (SKIBBA, 2020).
Outra possibilidade aventada é a do “Big Freeze”, isto é, a do “grande congelamento”, consequência do afastamento cada vez maior de toda a matéria, situação que dispersará o material das estrelas mortas e impedirá que novas estrelas venham a se formar (id.). Lentamente, o Universo vai se apagando e esfriando até chegar ao zero absoluto. Tudo que haverá então é uma “noite eterna” que acabará com qualquer possibilidade de vida.
Parece dramático, mas há ainda a possibilidade do “Big Rip”, que pode ser entendido como o “grande rasgo” do Universo. Nesse cenário, acredita-se que a energia escura seja capaz de acelerar ainda mais a expansão do Universo, até chegar a um ponto em que a gravidade não dará mais conta de manter os conglomerados galácticos juntos (id.). Sistemas solares como o nosso não conseguiriam então manter a sua coesão gravitacional. Finalmente, estrelas, planetas, átomos e até quarks se dissipariam.
Essas e ainda outras hipóteses para o fim do Universo são deveras especulativas, pois, além de elas não serem testáveis, a própria análise é prejudicada pelo fato de que estamos restritos a uma parte específica no espaço-tempo, sem condições de ter uma visão completa do cenário (ADAMS, 2001, p. 232). Já é, em todo caso, notável que a humanidade, depois de milênios de uma trajetória buscando compreender o Universo, tenha chegado ao ponto de cogitar os cenários prováveis para o seu fim.
Embora as teorias de Einstein tenham revolucionado a Cosmologia e a Física como um todo, seus resultados precisavam ser conciliados com os de outra revolução, a quântica, promovida a partir dos estudos de cientistas como Max Planck, Heisenberg, Dirac e Schrödinger. A mecânica quântica parte do mundo subatômico, no qual partículas minúsculas não possuem posição e nem velocidades definidas, em uma aparente aleatoriedade que deixou o próprio Einstein perplexo. Os cientistas passaram então a buscar conciliar essas surpreendentes descobertas do mundo subatômico com aquilo que já se sabia sobre o Universo, composto por astros gigantescos, sujeitos à influência gravitacional e a distorções no espaço-tempo.
Uma série de teorias quânticas da gravidade foi desenvolvida, chamadas, de maneira genérica, de “teorias das cordas” ou “teorias das supercordas”. A premissa dessas teorias é que os constituintes básicos da Natureza não são partículas fundamentais, mas sim “cordas”, entendidas como objetos de uma única dimensão, extensos e similares, de fato, a uma corda.
Trata-se de uma teoria que abrange diferentes campos da Física, mas, no caso específico da Cosmologia, as cordas são aplicadas na criação de um modelo cosmológico inflacionário, ou seja, aquele que é consequente de uma rápida e exponencial expansão do Universo (MACHADO, 2018). Nos modelos originários da Teoria das Cordas, após o período inflacionário, o Universo é dominado por um tipo específico de matéria (os “moduli”), e não pela radiação, como nos modelos tradicionais derivados do Big Bang.
Entre os postulados da Teoria de Cordas, está a de que ela somente funcionaria em um Universo com 11 dimensões espaciais, ou seja, indo muito além das três dimensões de espaço e uma de tempo que conhecemos atualmente. Isso, por si só, já é algo surpreendente e que parece saído de roteiros de ficção científica, mas a Cosmologia contemporânea apresenta uma hipótese ainda mais intrigante: a de que existem outros Universos.
De fato, recentemente tem ganhado força no meio cosmológico a hipótese de que o nosso Universo é apenas um em meio a vários outros. Essa teoria é conhecida como “Multiverso” ou “Universos múltiplos”. Quiçá mais acertada seja a designação “Cosmos”, a abranger a Totalidade. Existiria um “nada quântico” no qual, aleatoriamente, ocorreriam flutuações de energia que, por sua vez, originariam pequenas bolhas de espaço. As bolhas seriam “universos-bebês”. Contudo, a maior parte dessas flutuações retornaria à “sopa quântica” de onde provieram. Em alguns casos, porém, essas bolhas se desenvolveriam. O nosso Universo seria um dos casos em que a bolha “vingou”, existindo por tempo suficiente para que a matéria dentro dele se organizasse formando galáxias, estrelas e pessoas (GLEISER, 2010).
Nosso caso não seria o único, cogitando-se que outras bolhas evoluíram e organizaram Universos próprios, distintos do nosso e talvez até com outras leis físicas ou constantes da Natureza. Essas diferenças entre Universos levariam a uma busca para se entender por que o nosso tem as características que tem. São, na verdade, muitas as teorias a respeito de como seria esse Multiverso (eterno, em algumas versões), mas ainda não se descobriu um meio adequado para comprovar a sua existência.
De todo modo, é interessante observar como a concepção cosmológica da humanidade foi se aperfeiçoando ao longo do tempo e afastando o “centro” de tudo o que existe. Inicialmente, os humanos consideravam a Terra o centro do Universo. Mais tarde, o Sol passou a ocupar esse lugar. Contudo, aprendemos então que o nosso Sistema Solar é só mais um entre incontáveis outros e que a Via Láctea é só mais uma entre trilhões de galáxias. Agora, estamos cogitando que o nosso próprio Universo seja só mais um em meio a vários outros.
Embora isso possa relativizar a nossa importância no esquema geral do Cosmos, é de se ressaltar que a humanidade faz parte dos seres que estão em condições de refletir sobre o funcionamento de tudo o que existe, fato que nos coloca (de momento) no topo da cadeia evolutiva planetária. E certamente foram notáveis os avanços que a humanidade já teve a respeito das origens, da composição e do destino do Cosmos. Ainda há muitos mistérios, como o da energia e o da matéria escura, cujo papel e atuação ainda não foram satisfatoriamente explicados. São desafios a que a Cosmologia se entregará para aprimorar o modelo sobre a Totalidade.
Cumpre ressaltar que a Cosmologia atual reconhece, por leis da probabilidade, que a vida deve existir em outros pontos do Universo, inclusive de forma inteligente. Quando a comprovação da vida em outros planetas ocorrer, muitas das concepções sobre o Cosmos, provavelmente, precisarão ser adequadas. E então Giordano Bruno terá acertado em mais uma das suas previsões, ou seja, a de que os muitos mundos que existem também são habitados. Será estabelecido, pois, o Paradigma Alien, em superação definitiva do antropocentrismo.
Tudo isso é consequência dos métodos e dos instrumentos disponíveis para a Cosmologia moderna, que, como visto, se insere em uma longa trajetória do pensamento humano, sempre em busca das respostas para as questões primordiais da sua existência. Por mais difícil que seja encontrar respostas para essas inquietações, a humanidade já tem alcançado resultados expressivos, estimulando novas pesquisas e mantendo vivo o interesse pelo Cosmos.
“Há mais mistérios entre o céu e a terra do que a vã filosofia humana possa imaginar”. (William Shakespeare)
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