Ciências

Desmistificando a metodologia científica

Créditos da imagem: Escola e educação

Conhecimentos básicos para aplicação

Este artigo tem o intuito de estimular a comunidade ufológica a conhecer as ferramentas e condições necessárias para uma investigação científica afinal, a ufologia abre as portas para novas realidades e fenômeno por consequência surge a necessidade de investigação para obtenção de respostas.

As habilidades necessárias para ser um bom investigador são: a curiosidade em relação ao novo e aos fenômenos que nos rodeiam, o amor à verdade, a capacidade de transmissão da informação de forma clara e precisa, o conhecimento acerca de: Metodologia Científica, Filosofia e da Epistemologia, das Leis da natureza, Astronomia, Arqueologia, Geologia, Sociologia, Psicologia, Teologia, História e toda informação que se faça necessária, pois, a tensão gerada através do choque do conhecimento da ciência natural e social e os novos fenômenos que surgem na investigação tornam a ufologia multifacetada e multidisciplinar o que exige um amplo conhecimento do pesquisador.

Um investigador está vinculado a uma linha de pesquisa, sendo assim: assistir entrevistas, participar de palestras, congressos, seminários, grupos, ler livros, artigos e revistas aprimoram, lapidam o conhecimento e fortalece a comunidade envolvida no tema. Classifico as habilidades interpessoais de trabalho em equipe como sendo uma das principais qualidades de um bom investigador, pois pesquisa se faz em conjunto ou como já dito anteriormente em uma comunidade, a troca de informações deve ser de maneira saudável e profissional, o conhecimento e as informações não devem ser vendidas e ou guardadas em segredo, se estiver fazendo uma pesquisa sempre faça a referencia devida ao pesquisador  que lhe passou as informações, jamais usar a imagem e a historia de pessoas contatadas como sendo patrimônio pessoal, é necessário conhecimento prévio sobre direitos autorais.

É de grande relevância ter prévio conhecimento sobre bioética e a legislação que rege a pesquisa com seres humanos, toda pesquisa com seres humanos deve ser analisada e aprovada pelo comitê de ética responsável, não se pode fazer estudos mesmo que não sejam clínicos sem sua a previa aprovação. O comitê de ética é formado por uma equipe multidisciplinar independente que avalia a proposta de investigação e os seus eventuais danos e benefícios, quando necessário solicita ajustes, buscando minimizar ao máximo qualquer dano à integridade dos participantes.

Uma pesquisa científica é desenvolvida através da elaboração de hipóteses, e tem como objetivo descobrir, descrever, explicar, verificar, prever e elucidar teorias, fenômenos e eventos no âmbito natural ou social, os fenômenos e suas relações entre os elementos do sistema e de seus processos. Para uma pesquisa com resultados mais fidedignos deve-se eleger o território e população de analise, assim podendo trazer dados mais assertivos que espelham a realidade do fenômeno, pode ser realizada uma encuesta, entrevista, aplicação de questionário, coletar dados do ambiente, registro de dados oficiais e outros, ou seja, a eleição dos métodos de coleta dos dados é realizada segundo a acessibilidade e disponibilidade da informação.

As variáveis são construídas no desenvolvimento da pesquisa e estão intrinsicamente relacionadas com o objeto de investigação, elas caracterizam a pesquisa, trazendo forma ao estudo, por exemplo, se você quer investigar qual é o perfil dos contatados em um determinado território as variáveis podem ser: (sexo, raça, faixa estaria, nível de escolarização, nível sócio econômico, grau de contato etc.), as variáveis refletem as particularidades do cenário de investigação.

Podemos utilizar três tipos de variáveis:

  • Qualitativa esta variável é mais subjetiva o que possibilita a interpretação dos dados e de suas particularidades, tem um aspecto mais profundo.
  • Quantitativa esta variável está vinculada a pesquisa que tem o intuito de evidenciar dados numéricos/ estatísticos.
  • Mista ou Quali /Quanti atualmente é a variável mais utilizada em pesquisas pela possibilidade de quantificar a subjetividade qualitativa e qualificar os dados quantitativos.

Tipos de investigação:

Existem vários tipos de investigação, neste artigo abordaremos apenas dois tipos a investigação exploratória e a descritiva.

A investigação exploratória, segundo Claire Selltiz et al. é uma busca de informação, com o objetivo de formular problemas e hipóteses para uma investigação mais profunda de natureza explicativa. Esses estudos exploratórios têm como objetivo “a formulação de um problema para permitir uma investigação mais precisa ou o desenvolvimento de uma hipótese” (Selltiz, et al.59:69). Este nível de pesquisa serve para exercitar técnicas de documentação, familiarizar-se com fontes bibliográficas, hemerográficas, documentais e eletrônicas. É por isso que alguns falam de pesquisa bibliográfica (Humberto Paitam et al, 2018).

Descritiva, é um segundo nível, investigação inicial, cujo objetivo principal é coletar dados e informações sobre as características, propriedades, aspectos ou dimensões, classificação de objetos, pessoas, agentes e instituições, ou processos naturais ou sociais. Como diz R. Gay: “A pesquisa descritiva inclui a coleta de dados para testar hipóteses ou responder perguntas sobre a situação atual dos sujeitos do estudo, um estudo descritivo determina e informa os modos de ser dos objetos” (Gay, 1996:249).

A investigação exploratória tem um caráter mais básico, possibilitando o pesquisador adquirir experiência de campo, como por exemplo, uma pesquisa que envolva fenômenos anômalos em uma determinada comunidade pode ser aplicada uma hipótese para o problema de investigação associada a pesquisa documental e/ou bibliográfica sobre o caso. A investigação descritiva envolve um grau de complexidade maior e por consequência traz mais respostas aos fenômenos, como por exemplo, uma pesquisa que investigam contatados poderia responder a hipóteses previamente elaboradas. Ambas as investigações tanto a exploratória quanto a descritiva se complementam como fases e níveis de investigação, é de grande importância o pesquisador conhecer os mais variados tipos de investigação, ficando a critério do mesmo estabelecer o tipo mais adequado.

Coleta de dados nesta fase os equipamentos de investigação são necessários para os registros na pesquisa de campo: caneta, papel, gravador, maquina de fotografar, câmera de vídeo, instrumentos de medição e exames e ainda, material para coleta de amostras, dependendo do tipo de análise do local, é interessante que o investigador use vestimentas e equipamentos de proteção individual adequado, pois pode haver risco de contaminação química, biológica ou mesmo radioativa, ou seja, os equipamentos são adequados de acordo com o cenário de investigação.  Se possível, estar vestido com camisa / colete, credencial de vinculo a uma instituição ou órgão, mesmo em pesquisas independentes é importante estar de alguma forma devidamente identificado, desta forma passa mais credibilidade à investigação e segurança aos participantes.

Neste ponto é realizada a catalogação e registro de todas as informações que respondem as perguntas de investigação, é primordial já ter estabelecido previamente as perguntas de investigação e as variáveis a serem coletadas. É importante estabelecer um sistema de armazenamento de informações seguro, formando um banco de dados que deve ser devidamente identificado e organizado, isto facilita o processo e otimiza o tempo. Se o trabalho de coleta dados for realizado por uma equipe, uma reunião prévia de treinamento com todos os membros da equipe diminui a possibilidade de erros como a coleta de dados duplicada.

Análise e interpretação de dados

Depois de coletar as informações para responder as perguntas de investigação chega a fase de análise dos dados, neste momento o conhecimento prévio sobre estatística auxilia na investigação, podemos utilizar ferramentas e recursos que permitam uma visualização mais clara dos dados coletados, utiliza-se gráficos, tabelas, figuras, quadros, softwares e outras ferramentas são importantes nesta fase. O conhecimento sobre o princípio da triangulação é essencial, pois através desta ferramenta chega-se a saturação dos dados, que é a repetição dos números e a confirmação de que a pesquisa foi testada por varias técnicas.   O termo triangulação foi retirado da Topografia, que é a disciplina técnica que trata da medição de superfícies, determinando a posição matemática de pontos básicos e, em seguida, a triangulação é realizada para determinar por métodos dedutivos a posição de outros pontos, medindo distâncias e ângulos de triângulos.

“O princípio da triangulação impede que a validade dos dados e impressões iniciais sejam facilmente aceitas”. “Amplia o alcance, a densidade e a clareza dos conceitos desenvolvidos no decorrer da investigação e ajuda a corrigir os vieses que aparecem quando o fenômeno é examinado por um observador” (Cerda, op. cit.24).

A interpretação dos dados e suas respectivas informações devem responder e sustentar as perguntas de investigação, importante verificar se existem lacunas não respondidas ou os chamados buracos de investigação, quando isso ocorre deve-se verificar onde esta o erro, ter a humildade de reconhecer a falha e refazer a pesquisa.

O pesquisador deve se manter imparcial e ético, a manipulação dos dados com o intuito de desviar tendenciosamente os resultados por algum motivo ou interesse desvirtua a pesquisa e tira a credibilidade do investigador, os resultados obtidos através da pesquisa podem ser utilizados como instrumento e ferramenta para sugerir propostas e ações de melhoria na área investigada.

Aportes finais

O fenômeno UFO – Unidentified flying object – (objetos voadores não identificados) já é aceito e discutido em vários países, inclusive em eventos oficiais, atualmente grande parte das pesquisas no âmbito dos fenômenos anômalos e da ufologia, são desenvolvidas de forma rudimentar, a falta de conhecimento técnico básico reforça este quadro que gera em um grande volume de informações geradas por pesquisas mal elaboradas e investigações duvidosas resultando em uma enxurrada de informações sem credibilidade, reforçando a desinformação e o descredito popular.

O conhecimento e domínio das metodologias científicas dá maior credibilidade a investigação e ao investigador, assim abre-se espaço para uma nova era dos estudos ufológicos, o meio acadêmico – científico tem o papel fundamental para: debater, investigar e validar as pesquisas feitas dentro dos parâmetros de qualidade necessários, abrindo espaço para que toda e qualquer informação que possa vir a contribuir para o desenvolvimento de propostas e ações que efetivamente seja instrumento de mudança sócio-político global.

“Os ufólogos não sabem usar todas as ferramentas que estão disponíveis das diversas metodologias das diversas ciências” (Toni Inajar, 2022).

Refências das citações: Naupas Paitan, Humberto, Raul Valdivia Duenas, Marcelino, Josefa Palacios Vilela, Jesus, Eusebio Romero Delgado, Hugo. Metodologia de la investigacion

Contribuição: Toni Inajar Kurowski

Créditos da imagem: https://escolaeducacao.com.br/, “nenhuma violação de direitos autorais pretendida”.

Fernanda Schwarz - Cientista, Pesquisadora de Campo CIFE - Farmacêutica, Bioquímica, Psicanalista, Doutoranda em Saúde Pública pela instituição UCES da Argentina. | Fernanda Schwarz - Scientist, CIFE Field Investigator, Pharmacist, Psychoanalytic, Graduated in Biochemistry, currently doing a PhD in Public Health at the UCES Institution in Argentina.