Casos Internacionais,  Ciências,  Ufologia

Alpha Centauri: endereço cósmico e acobertamento extraterrestre, por Lallá Barretto.

Na busca de conhecer os humanos cósmicos que têm deixado vestígios de suas incursões em nosso planeta, vimos desenvolvendo metodologia para o que denominamos Exoantropologia: o reconhecimento de raças extraterrestres que se declaram tão humanas quanto nós, que apresentam cultura, ciência e tecnologia com tantas afinidades com o que desenvolvem os humanos da Terra que, por mais avançados que sejam, são passíveis de serem compreendidas por nós. Para conhecer essas exohumanidades é preciso estabelecer métodos que definam o que confere credibilidade a relatos e comunicações de origem alegadamente extraterrestre, que tragam conteúdo significativo de informações sobre essas civilizações.

A leitura exaustiva de diferentes casos ufológicos, no Brasil e no mundo, nos leva a estabelecer três parâmetros para considerarmos as informações contidas num relato como de alta credibilidade e, portanto úteis na busca de conhecimento dessas exohumanidades:

1. A credibilidade externa ao relato: o número, qualidade e idoneidade das testemunhas envolvidas; o impacto social dessas revelações.

2. A credibilidade interna do relato: a idoneidade dos atores envolvidos; a consideração dos indicadores de credibilidade dos relatos orais desenvolvidos pela antropologia, pela sociologia, mas também, e, sobretudo, pela psicanálise e a psiquiatria, que desenvolveram marcadores úteis para distinguir um relato delirante de um relato que veicula uma realidade efetivamente vivida; a invariabilidade do relato ao longo dos anos; a concordância de informações entre diferentes relatos ufológicos; e, fator da maior importância, a consonância das informações contidas com a racionalidade humana. Nesse quesito, nos interessamos particularmente pelos relatos que trazem informações que podem ser testadas por utilizarem a linguagem científica.

 3. Os mecanismos terrestres e extraterrestres de acobertamento do relato: os mecanismos sociais terrenos que implicam no acobertamento da realidade fazem parte, constituem e estruturam qualquer casuística ufológica, na medida em que testemunhas e relatos sofrem sempre distorções resultantes das tentativas de descrédito do fenômeno Ufo. Mas existem também os mecanismos de acobertamento extraterrestre, decorrentes da alegada lei cósmica que proíbe qualquer intervenção no curso natural das civilizações dos planetas visitados. Os principais mecanismos de acobertamento extraterrestre são: o esquecimento induzido da experiência, notadamente de abdução; as imprecisões de certos dados científicos sensíveis, para impedir uma civilização agressiva e destrutiva como a terrestre de tomar posse de conhecimentos potencialmente devastadores. Ter em mente a questão do acobertamento terrestre e extraterrestre deve fazer parte de qualquer método de investigação, para dar a medida de credibilidade dos contextos interno e externo de um caso ufológico.

Neste artigo inédito para o CIFE, damos prosseguimento à questão do acobertamento extraterrestre, que já analisamos em alguns artigos disponíveis no nosso Blog. São eles: “O contato de longa duração ou eles já estão entre nós”; “A ilha João Donato e as Cartas Ummitas”; “O mapa cósmico de Betty Hill”; “Exoantropologia: a busca por outras humanidades”. Em “O contato de longa duração ou eles já estão entre nós” [1], publicado no primeiro número na prestigiosa revista Cosmovni, analisamos dois outros casos de contato ufológico de grande credibilidade interna, onde encontramos a mesma imprecisão na comunicação do endereço cósmico, ou seja, a resposta à  incontornável pergunta, “de onde eles vêm”?

Vamos interrogar desta vez o emblemático caso de Elisabeth Klarer (1910-1994), um dos grandes casos dos anos 1950, que contribuiu para a construção da Ufologia moderna. Eis o resumo do caso.

O caso de Elisabeth Klarer:

Elisabeth Klarer e Akon
Imagem: Elisabeth Klarer e Akon – Créditos: onedio.com

Elisabeth Klarer nasceu em 1910, em Rio Mooi, Natal, África do Sul. Faleceu aos 83 anos de idade, em 1994. Aos sete anos de idade, na companhia de sua irmã Barbara, teve o primeiro avistamento, impressionante, onde o ufo avistado teria evitado a queda de um objeto sideral. Teve ainda dois avistamentos durante a infância, presenciados também por sua mãe e um empregado da fazenda, onde foi criada entre os Zulus, povo resultante da reunião de diferentes povos ancestrais da África do Sul.

Formada em meteorologia e música, Elisabeth Klarer casou-se três vezes com terráqueos e teve dois filhos.  Mas sua grande paixão é também uma grande história ufológica, o caso de amor vivido com um ser proveniente de Alpha Centauri, o sistema estelar mais perto do sistema solar, de quem alega ter tido um filho, Ayling, em 1959.

Parte importante da narrativa de Elisabeth Klarer é justamente o pano de fundo dos mitos de origem dos Zulus, que preservam a memória do contato civilizatório com seres vindos das estrelas, e que anunciaram retornar um dia. Esses mitos de origem fazem de Elisabeth uma espécie de predestinada, aspecto de seu relato a ser tratado em outro momento da investigação sobre a credibilidade interna ao relato.

Efetivamente, a partir de 1954 o aparecimento do pássaro-relâmpago trouxe alvoroço ao povo Zulu, visto como a realização da predição ancestral.  Em dezembro do mesmo ano, Elisabeth testemunhou uma nave pairando a três metros do chão, visualizando pela primeira vez, através da escotilha do objeto, aquele que seria seu grande amor cósmico.

Finalmente, em 1956, novamente a nave. No interior do objeto inicia-se o contato direto, vivenciado como um grande reencontro de almas predestinadas, Elisabeth e o homem que se identificou como o astrofísico Akon. Apesar de algumas características que o diferenciavam dos terráqueos, Akon era humano e, ao longo do relato afirma que existe de verdade, não sendo produto da imaginação de Elisabeth. Em abril do mesmo ano, houve várias testemunhas de um evento ufológico que se deixou observar longas horas no céu. Datam de julho as fotos tiradas por Elisabeth da nave de reconhecimento de Akon. Essas fotos são consideradas autênticas.

Em abril de 1958, novo contato direto com Akon no qual um filho desse amor eterno foi concebido. Essa concepção teria o objetivo de renovar a biologia da civilização do planeta Meton. No final da gestação, Elisabeth foi levada ao planeta, onde teria permanecido quatro meses para dar à luz a seu filho Ayling. A adaptação do coração de Elisabeth não permitiu sua permanência no planeta Meton. Teve que retornar à Terra, deixando Ayling para ser criado por Akon.

A credibilidade externa do caso foi amplamente demonstrada já em seu tempo, por existirem inúmeras testemunhas de seus avistamentos e fotos de naves, iniciados na infância, e do próprio Akon, que encontrou pessoalmente a irmã da protagonista. Elisabeth foi, ao longo do tempo, geralmente considerada como idônea. Não encontramos campanhas de descrédito da sua pessoa, apesar de ter participado de eventos públicos e entrevistas, divulgando sua experiência durante e depois de todo o processo de contato em sua vida adulta.  Sua experiência foi considerada de tal importância, que Klarer foi cooptada por programas secretos de investigação de ufos da Inglaterra e da África do Sul, contando com a proteção desses serviços quando se viu ameaçada pelo interesse dos russos e pela mídia de seu país. 

A incrível história de Elisabeth foi publicada como autobiografia, “Beyond the light barrier: the autobiography of Elisabeth Klarer” (Além da barreira da luz: a autobiografia de Elisabeth Klarer), em 1980. Longe de perder o interesse, as sucessivas reedições até os dias atuais, inclusive nas novas plataformas de leitura, atestam da atualidade das informações contidas no livro e do seu impacto social.

A racionalidade das informações contidas em “Beyond the light barrier”[2] confere alta credibilidade interna ao relato. Akon e seu copiloto, o botânico e astrofísico Haben, e Theton, que trabalhava na vigilância científica do sistema solar, explicaram a Elisabeth o funcionamento de suas naves, trazendo informações sobre a matéria e a tecnologia da luz, com suas ondas, partículas e vibrações, consistentes com o que observamos na Terra do comportamento dos ufos e com o que a ciência terrestre vem desenvolvendo como física quântica.[3]

Porém, o fenômeno ufo é evanescente por natureza: quando pensamos tê-lo nas mãos – no caso que nos ocupa, pela consistência da física quântica, ainda em elaboração na década de 50, implicada no funcionamento das naves e nas viagens espaciais – a própria racionalidade científica nos escapa no relato, quando nos debruçamos sobre o endereço cósmico de Akon e sua civilização alegadamente oriunda de Alpha Centauri.

O sistema solar de Akon:

Super explosão solar
Imagem: Super explosão solar – Créditos: verdademundial.com.br

Dentro da nave, Elisabeth será instruída sobre a civilização e a ciência do planeta Meton. A primeira declaração de Akon sobre seu sistema de origem é a seguinte: “viemos de um sistema duplo de estrelas”[4]. Theton situa esse sistema duplo de estrelas em Alpha Centauri, dizendo que “no sistema onde vivemos as condições de vida como a nossa são mais ideais do que dentro do sistema solar”[5]. Logo em seguida, uma terceira estrela entra na explicação, como beneficiando das condições ambientais do sistema binário, afirmando “a ecosfera mais ampla – a área ao redor de uma estrela onde as condições permitem o desenvolvimento e a existência da vida como a conhecemos – é intensificada por um sistema binário.” Nessa altura da explicação, prossegue dizendo que planetas orbitam as três estrelas: “Este suporte de vida e desenvolvimento avançado nos planetas que giram em órbita de nossas estrelas é causado pelas radiações e emanações ultravioletas que produzem sua atmosfera de oxigênio”[6], e prossegue afirmando que “o sistema doméstico é um sistema tríplex, recebendo as radiações de três estrelas semelhantes ao Sol, a quatro anos-luz de distância, ou 38 bilhões de quilômetros”.[7]

Vamos fazer uma pausa no relato para pontuar as informações com o que conhecemos hoje sobre o sistema Alpha Centauri:

Sistema Alpha Centauri
Imagem: Sistema Alpha Centauri – Créditos: KOSMO

Se seguirmos a primeira informação de Akon, entendemos que seu planeta natal encontra-se na órbita do par de estrelas Alpha Centauri A e B, identificado como sistema binário desde 1689. As duas estrelas têm um ciclo orbital de 80 anos em torno do centro de massa comum, situando-se bem distantes uma da outra, 23 vezes a distância entre o Sol e a Terra.

A terceira estrela acrescentada, Próxima Centauri, foi descoberta em 1915, confirmando Alpha Centauri como sistema triplo em 1917. Separada de Alpha Centauri A e B por 13.000 anos-luz, leva 550 mil anos para orbitar o par de estrelas.

Mas, para a classificação terrestre dessas estrelas, apenas Alpha Centauri A e B são consideradas como análogas solares, sendo a terceira estrela, Próxima B, uma anã vermelha particularmente instável e eruptiva, sujeita a emanações radioativas devastadoras, que impossibilitariam a vida como conhecemos nos planetas na sua órbita.

Continuando com a narrativa extraterrestre:

A civilização do planeta Meton é originária do planeta Vênus, portanto do nosso próprio sistema solar! Em determinado momento de sua história venusiana, em que já tinham ciência para prever um ciclo devastador de expansão solar, e tecnologia suficiente para viagens interplanetárias, abandonaram o planeta Vênus e instalaram-se na Terra: “Vênus morreu no último ciclo de expansão solar, quando toda a flora e fauna foram destruídas por radiações estelares letais. Sua proximidade com a estrela de seu sistema fez com que nossos cientistas estudassem o Sol muito de perto. Eles descobriram que a atmosfera do Sol engole o sistema planetário e que quaisquer mudanças que ocorram no Sol afetariam os planetas e suas atmosferas”.[8]

E quando foi isso? Nova imprecisão: em “eras[9] atrás”. Mas podemos inferir do relato que a “era” em que Vênus foi devastada correspondeu ao que consideram o último ciclo de expansão solar, o mesmo que teria extiguido os dinossauros na Terra[10]: “A camada de ozônio da Terra pode ser destruída durante um ciclo de expansão do Sol, pois a camada de ozônio de Vênus foi destruída, expondo a superfície à radiação e, assim, destruindo toda a vegetação. A Terra sobreviveu ao último ciclo de expansão solar, embora tenha matado um grande número de terríveis lagartos que se desenvolveram de forma extravagante no clima subtropical. Por milhões de anos esses dinossauros dominaram a Terra, suas peles grossas como placas de armadura, uma proteção contra o bombardeio de radiação durante aquela época de evolução explosiva em que o Sol era mais jovem e o clima da Terra muito mais quente.”[11]

A ciência extraterrestre classifica o Sol como uma estrela variável, sujeita a ciclos de expansão destrutivos e letais para os planetas à sua volta. Esses ciclos seriam longos de milhões de anos, e podemos situar então o último ciclo de expansão como em torno de 130 milhões de anos atrás, no período jurássico da era mezozóica.

Nas brumas do tempo, ficamos sem informações sobre onde ficaram os venusianos, com a destruição de Vênus, já que a Terra também sofreu no último ciclo de expansão solar, com o cenário cataclismico que conhecemos da extinção dos dinossauros, até que nosso planeta se recuperasse para recebê-los, entrando no período terciário da era Cenozóica, quando os mamíferos começam a dominar o planeta.

As manchas solares são consideradas também como instabilidades potencialmente mortais: “A estrela deste sistema é uma variável amarela de meia-idade, um tanto irregular na radiação de comprimentos de onda curtos. (…) O Sol tem uma tendência à instabilidade dentro do envelope gasoso. À medida que a velocidade de rotação diminui, os flip-flops magnéticos ocorrem em um ciclo que varia entre sete e dezessete anos, com média de cerca de onze anos. A polaridade magnética é invertida a cada ciclo, e os postes solares são acionados por magnetismo, emitindo erupções solares brilhantes e letais.”

Os ciclos de expansão solar, combinados com os ciclos de aparecimento das manchas solares são a base do entendimento extraterrestre de que o Sol é uma estrela variável, cuja atividade é letal. Esses ciclos, embora medidos em milhões de anos, não são longos o suficiente para o desenvolvimento e permanência de civilizações avançadas.

Para a nossa ciência, o Sol é uma estrela variável?

Voltemos à ciência terrestre[12]:

Estrelas variáveis
Imagem: Estrelas variáveis – Créditos: ESO

Variável é uma estrela que varia sua luminosidade ao longo do tempo, o que é alíás o caso da maioria das estrelas. A astronomia classifica, porém como estrela variável aquelas que apresentam grandes variações de luminosidade em curtos espaços de tempo. Sem entrar nos detalhes dessa classificação, os extraterrestres parecem entender o Sol como uma estrela variável em ciclos de expansão, que ocorrem em períodos de milhões de anos. Durante o primeiro bilhão de anos da Terra, o Sol era 30% menos ativo do que hoje, e estima-se que a cada bilhão de anos a atividade do Sol tenha aumentado em torno de 8%. Nossa estrela aumentou em apenas 30% em cinco bilhões de anos. Mas os extraterrestres falam também de características bem conhecidas da ciência terrestre, as pequenas variações de luminosidade causadas pelas manchas solares na superfície da estrela, que aparecem como resultado da rotação do Sol sobre si mesmo nos ciclos de rotação interna de 11 anos.  Sabe-se hoje que, além dos ciclos médios de 11 anos, onde as manchas solares aumentam e diminuem, as observações estabeleceram que há, ao longo dos séculos, aumento e diminuição em conjunto das manchas solares. Existem, portanto ciclos maiores. Essa seria a grande variabilidade do Sol: ainda não foi elaborado um modelo adequado dos campos magnéticos solares que explique todo o comportamento das manchas solares.

Galileu Galilei descobriu as manchas solares através das observações sitemáticas com o uso de seu telecópio já no século 17, sendo essas observações aprofundadas no século 18, assunto, portanto já amplamente conhecido nos anos 50 do século 20, quando Akon e seus companheiros informaram Elisabeth Klarer sobre o sistema solar.

O cenário extraterrestre do comportamento expansivo letal do Sol, que teria acabado com a atmosfera de Vênus e exterminado os dinossauros da face da Terra, combinado com a nocividade mais permanente dos ciclos de rotação da estrela sobre si mesma, não são nada evidentes para a ciência terrestre, que considera nossa estrela muito pouco variável e um ambiente propício, sendo a única estrela onde até agora se encontra um planeta em que pulula a vida.

O endereço cósmico:

endereço cósmico
Imagem: Getty Images/Science Photo Libra

Akon prossegue dando afinal algumas precisões sobre seu endereço cósmico, sobre a situação do planeta Meton: “Nosso sistema doméstico em Alpha Centauri consiste em sete planetas, todos habitados por nossa civilização. Os sete planetas orbitam em torno do terceiro componente deste belo sistema estelar, conhecido como Proxima Centauri. A maior estrela emite luz avermelhada cerca de um terço do brilho do Sol, enquanto a luz da segunda estrela é semelhante à luz solar. A terceira estrela, Proxima Centauri, é como o Sol, só que com uma luz avermelhada. E, claro, é uma estrela muito estável. O planeta que vemos agora é nosso planeta natal original neste sistema triplex, semelhante a Vênus quando ela foi capaz de abrigar nossa grande civilização no passado.”[13]

Alpha Centauri: acobertamento extraterrestre?

A precisão sobre onde se situa o planeta Meton em Alpha Centauri está em franca discordância com o que sabemos hoje sobre esse sistema estelar. A NASA vem monitorando Alpha Centauri em longo prazo através do Observatório de raios-X Chandra. Embora nenhum planeta tenha sido descoberto em torno do par, em 2017, a agência informa que eventuais planetas orbitando Alpha Centauri A e B não seriam atingidos por grandes quantidades de radiação, possibilitando a vida. Alpha Centauri A é considerado “um gêmeo próximo do nosso Sol em quase todos os aspectos, incluindo a idade”; Allpha Centauri B “é um pouco menor e mais escuro, mas ainda bastante semelhante ao Sol”. Segundo esse monitoramento de longo prazo, para a NASA temos a seguinte situação: “Os dados do Chandra revelam que as perspectivas de vida em termos do atual bombardeio de raiox-X são realmente melhores em torno de Alpha Cen A do que para o Sol, e Alpha Cen B se sai apenas um pouco pior”.

Apesar de um candidato em Alpha Centauri A, e outro em Alpha Centauri B, nenhum planeta foi ainda confirmado na órbita do par de estrelas.

“Próxima, por outro lado, é um tipo de estrela anã vermelha ativa, conhecida por frequentemente enviar explosões perigosas de raios-X, e provavelmente hostil à vida. Os planetas na zona habitável em torno de Próxima recebem uma dose média de raios-X cerca de 500 vezes maior que a Terra e 50.000 vezes maior durante uma grande erupção”.[14]

Imagem: Erupção em Próxima Centauri – Créditos: s2.glbimg.com

Oribitando Próxima Centauri, lá onde os extraterrestres dizem existir sete planetas, já descobrimos três:

Próxima b, 2016, planeta telúrico, com massa comparável à da Terra, situado na zona habitável, período orbital de 11 dias. Situado muito perto de sua estrela, é provavelmente travado pelo acoplamento de maré, tendo sempre a mesma face voltada para estrela, recebendo quantidades de raios X e raios ultravioletas letais. Ainda não se sabe se existem condições atmosféricas para minimizar esses efeitos. Apesar de estar na zona habitável, também não se sabe ainda se existe água líquida na superfície. As anãs vermelhas são as estrelas que vivem mais tempo em nossa galáxia, proporcionando mais tempo para o desenvolvimento de civilizações avançadas.  Se o acoplamente de maré for confirmado, uma civilização só poderia se desenvolver na zona de crepúsculo do planeta, isto é, na passagem da face dia para a face noite, coisa que o relato nem de longe sugere.

Próxima c, 2020, uma super-Terra ou, mais provavelmente, um gigante gasozo com sete vezes a massa da Terra e um sistema de anéis, orbitando a estrela em 5, 28 anos, fora da zona habitável.

Próxima d, 2022, uma subterra, com quatro vezes menos massa do que a Terra e  Vênus, orbitando a estrela em 5,1 dias, fora da zona habitável.

 A narrativa conduz nossa atenção para a estrela mais próxima de nós, situação em que, sabemos hoje quase com certeza, não deveriam estar, e não poderiam ter desenvolvido sua avançada civilização. Lembremos que a primeira afirmação de Akon situa sua origem num sistema duplo de estrelas, que poderíamos identificar como Alpha Centauri A e B. Em seguida, ou as informações estão erradas, retirando totalmente a credibilidade interna do relato, ou estamos diante do acobertamento extraterrestre, embaralhando informações corretas nas estrelas erradas do sistema: uma civilização avançada poderia se desenvolver na órbita de Alpha Centauri A, beneficiando ainda da “formidável ecosfera das três estrelas”, mas com certeza não em Próxima Centauri, onde se encontram ampliados exponecialmente todos os problemas que os fizeram abandonar o sistema solar. Alpha Centauri A não teria um brilho avermelhado, mas Próxima Centauri sim, e menos brilhante do que o Sol seria Alpha Centauri B; Próxima Centauri é uma anã vermelha, e não é semelhante ao Sol, como é Alpha Centauri A.

Esses fatos comprometem a credibilidade interna da narrativa de Elisabeth Klarer?

Alpha Centauri A
Imagem: Alpha Centauri A – Créditos: thesolarsystem.fandom.com

Nem tão simples assim. Se nos debruçamos com método sobre as grandes narrativas ufológicas, podemos observar o mesmo mecanismo de imprecisão das informações quando se trata de dizer de onde eles vêm, de fornecer seu endereço cósmico. Esse fato é tanto mais observável quanto maior for a consistência dos dados científicos contidos no relato, como podemos ler nos artigos do Blog indicados acima. Digamos que as narrativas extraterrestres indicam uma direção, mas não uma localização exata, ou, como no caso do Mapa Cósmico de Betty Hill, a possibilidade de retificar a informação com o uso de novas tecnologias adquiridas com o avanço da ciência terrestre.

 A credibilidade interna do caso de Elisabeth Klarer encontra-se, como dissemos, na física quântica implicada no conhecimento da matéria, da antimatéria, e da tecnologia da luz consistentes com as nossas observações de Ufos e com a possibilidade das viagens espaciais. Em todos os relatos de alta credibilidade interna, onde cientistas terrestres testaram a linguagem e as informações científicas contidas nas narrativas, confirmando-as como ciência, existem declarações dos extraterrestres de que nem tudo deve ficar claro, que erros e incompreensões são voluntariamente introduzidos, como nas Cartas Ummitas, para impedir a humanidade de se apropriar de uma ciência que não poderia aproveitar, e ainda fazer mal uso dela, no seu estado atual de desenvolvimento ético e moral. Akon responde com severidade à pergunta de Elisabeth, se ele não poderia explicar aos terráqueos a ciência alienígena: “O estágio de evolução alcançado pela humanidade na Terra proíbe qualquer forma de comunicação ou apoio. Somente quando eles mudarem sua atitude mental – quando se tornarem gentis e pacíficos e tiverem a capacidade de amar e cuidar de toda a fauna e flora de seu planeta – entraremos em contato com eles. No momento atual, eles ainda não adquiriram o avanço espiritual. Eles rastejam e vivem no fundo de seus mares atmosféricos como lesmas das profundezas aéreas sintonizadas com seu ambiente imediato. Seus olhos são sensíveis a apenas um segmento limitado do espectro de luz, e seus sentidos são entorpecidos por sua existência material.”[15]

Nesse contexto, nada mais coerente do que apenas sugerir seu endereço cósmico, esboçando realidades que façam sentido, mas embaralhando as informações através de imprecisões e erros propositais, protegendo assim sua civilização de eventuais avanços tecnológicos que levassem cedo demais a humanidade terrestre às portas de seus mundos.

Mas, juntando lé com cré no relato de Elisabeth Klarer: se a civilização de Akon existe de fato na nossa vizinhança cósmica, descobriremos ainda o planeta Meton e seus seis companheiros orbitando Alpha Centauri A?

                                                                                       Lallá Barretto

                                                                              Rio de Janeiro, 23/02/2023.


Agradecimento

Agradecemos ao astrônomo Paulo Sobreira sua indispensável disponibilidade e paciência para esclarecer nossas dúvidas sobre diversos pontos controversos do relato de Elisabeth Klarer.


Referências

[1] Ver nossos artigos “O contato de longa duração ou eles já estão entre nós”; “A ilha João Donato e as Cartas Ummitas”; “O mapa cósmico de Betty Hill”; “Exoantropologia: a busca por outras humanidades”. [ www.lallabarretto.com e Revista Cosmovni]

[2] KLARER, Elisabeth. Beyond the light barrier: the autobiography of Elisabeth. Light Technology Publishing, 2009. Ebook Kindle.     

[3] Ver sobre isso a excelente divulgação científica em Alcides Cores, “Portais dimensionais, explorando os mistérios deste e de outros universos”, Curitiba, Biblioteca Ufo, 2020. Foi uma brilhante palestra de Alcides Cores que chamou nossa atenção para a credibilidade interna do caso de Elisabeth Klarer, no XXV Congresso Brasileiro de Ufologia, Curitiba, 2022.      

[4] KLARER, op. cit. p. 57.

[5] Idem, p. 86

[6] Idem, 86

[7] Idem, p. 86

[8] Idem, p. 87

[9] Os extraterrestres se servem ao longo do texto da cronologia geológica da evolução da Terra, como os termos “eons” e “eras”. As eras são subdivisões dos “eons”, os períodos mais longos do tempo geológico.

[10] A causa da extinção dos dinossauros é hoje entendida como resultado da queda catastrófica de um meteoro na Terra.

[11] Klarer, Beyond the light barrier, p. 77.

[12] https://www.researchgate.net/publication/260050472_The_Sun_as_a_Variable_Star

[13] Klarer, E. Beyond the light barrier, Kindle, p. 81.

[14] https://www.nasa.gov/mission_pages/chandra/images/alpha-centauri-a-triple-star-system-about-4-light-years-from-earth.html

[15] KLARER, p. 92.


*Imagem em destaque: Gettyimages

                          

Ufóloga, Pesquisadora de Campo, Antropóloga, Psicanalista, Escritora, Co-Editora do CIFE (Canal Informativo de Fontes/Fenomênos Extraterrestres e Espaciais), Doutora em Antropologia Psicanalítica pela a Universidade Paris 7. Bacharel em História pelo Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS/UFRJ) e Pós Graduada em História Social pela Universidade de São Paulo (USP). | Ufologist, Field Investigator, Anthropologist, Psychoanalyst, Writer, CIFE Co-editor (Scientist Channel of UFOs Phenomena & Space Research), PhD in Psychoanalytic Anthropology (Paris Diderot University – also known as Paris 7 University). Bachelor's Degree in History (Institute of Philosophy and Social Sciences (IFCS/UFRJ), Postgraduate Degree in Social History (University of São Paulo - USP).