A vida pode ser encontrada em Encélado sem pousar em sua superfície
Muitos pesquisadores acreditam que o oceano dentro da lua gelada de Saturno tem condições adequadas para a vida.
Anteriormente, a missão Cassini mostrou que sob uma espessa camada de gelo na lua de Saturno existe um oceano profundo com fontes hidrotermais ativas. Há muita água e energia em abundância. Isso pode não ser suficiente para sustentar a vida, mas agora os pesquisadores estão propondo outra missão para confirmar se realmente existe vida lá fora, mesmo sem ter que “pousar” em Encélado.
A espessura da crosta de gelo do misterioso satélite é de 5 a 30 quilômetros, por isso não será fácil chegar ao oceano. Os cientistas propuseram o uso de um trem de pouso especial que perfurará o gelo e passará lentamente pela concha.
A Enceladus lança jatos de água no espaço através de rachaduras em sua superfície, então, como opção, os engenheiros também sugeriram a criação de um robô que rasteja ao longo dessas rachaduras. Essa é mais uma abordagem difícil, mesmo sem considerar os desafios que os pesquisadores terão que enfrentar para garantir que a máquina seja completamente estéril.
No ano passado, os pesquisadores sugeriram que o metano nas plumas poderia ser um sinal de vida. Em um novo trabalho de pesquisa, eles vão um passo adiante. Eles estimam que mesmo uma pequena população de organismos em Encélado liberaria material orgânico suficiente para que uma missão orbital o adquirisse.
“Ficamos surpresos quando descobrimos que a hipotética abundância de células seria igual à biomassa de uma baleia no oceano global de Encélado”, disse uma das autoras do artigo, a pesquisadora do UArizona Antonina Affholder.
O principal objetivo da missão não seria encontrar vida, mas refutar sua existência. O artigo estima a quantidade máxima de material orgânico encontrado pela espaçonave na ausência de vida. Fazer o contrário, reunir evidências de vida, seria um desafio maior.
Para coletar uma amostra de material celular da pluma, uma espaçonave em órbita precisaria de cerca de 0,1 mililitros do material. Isso é relativamente pequeno, mas dado o quão espalhadas as plumas estão sobre a superfície, seriam necessários mais de 100 vãos.
Durante os primeiros quatro anos da missão, a Cassini fez 74 órbitas únicas em torno de Saturno e 45 sobrevoos de Titã, a maior lua do planeta. No total, a Cassini passou 13 anos no sistema.
“Nossa equipe mostrou que essa abordagem será suficiente para determinar com segurança se há vida no oceano de Encélado, sem ter que explorar as profundezas do satélite”, disse o autor sênior Regis Ferrier, da Universidade do Arizona.
Pode levar muito tempo até que uma missão para testar essa hipótese seja realizada, mas não menos emocionante é o fato de podermos detectar vida em Encélado sem ter que pousar nela.
A pesquisa foi publicada na revista Planetary Science