Esqueletos de animais criados por bioengenharia há 4500 anos são encontrados na Síria
Criaturas híbridas desenvolvidas por humanos eram usadas para puxar carroças de guerra na Mesopotâmia
Pesquisadores encontraram os esqueletos dos primeiros animais do mundo a serem criados por bioengenharia. Trata-se de híbridos que eram usados para puxar carroças de guerra na Mesopotâmia, há 4500 anos. Esse cruzamento entre espécies diferentes era feito de propósito por humanos para que os bichos servissem especificamente a essa função.
Kungas
Esses animais, chamados de “kungas”, eram retratados em antigos textos e gravuras da Mesopotâmia. Até o momento, suspeitava-se que eles fossem híbridos, mas não havia provas disso. Agora, a partir de análises de DNA de esqueletos de 25 exemplares encontrados em Tell Umm el-Marra, no norte da Síria, o mistério foi finalmente desvendado.
“O novo estudo, publicado no periódico científico Science Advances, mostra que os kungas eram fruto do cruzamento entre jumentas domésticas (Equus Africanus asinus) e burros selvagens sírios machos (Equus hemionus hemippus). Esses animais híbridos eram fortes, rápidos e estéreis. Até agora, o exemplo mais antigo de animal desenvolvido por engenharia humana era uma mula (cruza entre cavalo e burro) que viveu há três mil anos, cujo esqueleto foi encontrado na Turquia.
Eva-Maria Geigl, especialista em genomas da Universidade de Paris e coautora do estudo, disse que trata-se de um exemplo de “bioengenharia precoce”. Os textos antigos se referiam aos kungas como animais altamente valorizados e muito caros, o que pode ser explicado pelo processo difícil de criá-los, segundo a pesquisadora. Como cada kunga era estéril, eles tinham que ser produzidos acasalando uma jumenta domesticada com um burro selvagem, que precisava ser capturado para essa finalidade. Essa era uma tarefa árdua, pois os burros selvagens corriam muito e eram impossíveis de serem domados.”